A pequena cidade do sudoeste baiano, com pouco mais de 13 mil habitantes, viu sua população se multiplicar em poucas horas. Ruas lotadas, casas alugadas com meses de antecedência, palcos iluminados e o som inconfundível do forró e do arrocha ecoando até de madrugada foram prova viva de uma tradição que se moderniza, mas não perde a essência.
Quem chegou cedo já notava a movimentação intensa nas avenidas principais, onde jovens de Itabuna, Jequié, Vitória da Conquista, Ilhéus, Salvador e cidades vizinhas desciam dos ônibus com malas, caixas de som e trajes típicos. Muitos deles são turistas que voltam todos os anos, outros vieram pela primeira vez, atraídos pela fama da cidade. A festa não acontece apenas na praça: ela se espalha por ruas inteiras, bairros que viram bairros-festeiros, casas alugadas que se tornam palcos improvisados, e pela rodoviária, onde a chegada constante de viajantes revela que Ibicuí virou um imã de forrozeiros.
A programação do dia 22 trouxe nomes como Paula Fernandes, Donas do Bar e Waldonys e outras atrações que misturam o tradicional com o popular contemporâneo. O público respondeu com energia: a multidão acompanhou cada música, transformando o centro da cidade em uma massa vibrante, vestida de xadrez, bota, chapéu e sorriso largo. As festas particulares, conhecidas como “particulares de camisa”, também foram destaque, reunindo centenas de jovens em espaços privados com atrações paralelas, DJs e estrutura de grandes eventos.
Ibicuí também é palco de reencontros. Filhos da terra que migraram para estudar ou trabalhar retornam nessa época como se o São João fosse um grande abraço coletivo. Para essas pessoas, a festa não é apenas música: é saudade, memória, cheiro de infância, cheiro de fogueira. A praça, decorada com bandeirolas e luzes coloridas, é o cenário de um tipo de emoção que só o interior baiano sabe produzir.
Ainda que tenha crescido em estrutura e visibilidade, o São João de Ibicuí conserva elementos identitários fortes. O forró tradicional ainda resiste nas ruas menores, nos trios que se apresentam de forma espontânea, nas quadrilhas formadas por escolas e grupos locais. É esse contraste entre o grande e o íntimo, o profissional e o popular, que torna a festa única.
E a programação está longe de terminar. Nos próximos dias, Ibicuí ainda receberá atrações como Peu do Acordeon, Lordão e muitos outros. A cidade seguirá pulsando, com gente dançando nas calçadas, com comidas típicas sendo servidas nas barraquinhas — canjica, milho, amendoim, bolo de puba — e com o céu continuamente iluminado por fogos e bandeirolas.
E nos próximos dias, seguiremos pelas estradas da Bahia para contar outras histórias: do Recôncavo que dança ao som da sanfona antiga, da Chapada que reza em torno das fogueiras, dos povoados onde a tradição ainda se aprende com os mais velhos. O mês de junho ainda guarda muitas brasas acesas. E a festa, como Ibicuí bem mostra, está só começando.
SÃO JOÃO PELA BAHIA uma realização da 585 Studios, com apoio do Governo do Estado, através da Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur.