sábado, 28 junho 2025

Com tradição no corpo e forró nos pés, Irecê faz festa costurada em história estilo e pertencimento.

Em Irecê, celebrar o São João é mais do que cumprir uma tradição: é ativar uma memória coletiva que atravessa gerações. É uma celebração que nasce da terra, do roçado, do batuque feito no terreiro de casa, do sanfoneiro que aprendeu com o avô. É ali que o São João permanece visceral, orgânico, e profundamente conectado com a identidade de uma cidade que cresceu ao redor de seus ritos, símbolos e sons.

Localizada no sertão baiano, a cerca de 480 quilômetros de Salvador, Irecê tem uma relação histórica íntima com a cultura agrária e o ciclo das festas religiosas do interior. Em ruas laterais, moradores montaram pequenos espaços decorados com bandeirolas, fogueiras e altares para São João. Tocadores de sanfona e zabumba improvisaram rodas de forró pé de serra, relembrando o clima dos velhos bailes de salão que faziam parte da infância de muitos.

A cultura histórica de Irecê também se manifesta no modo como a cidade transforma a festa em espaço de resistência cultural. Por trás das roupas típicas, das comidas de milho e das danças ensaiadas, há um esforço contínuo de educadores, artistas locais, radialistas e mestres populares que mantêm viva a tradição através da oralidade, da música e da educação comunitária. Os festejos juninos, em Irecê, são um tipo de aula pública — onde se aprende sobre pertencimento, memória e coletividade.

Em um momento em que muitas cidades nordestinas transformam seus festejos juninos em grandes eventos comerciais, Irecê segue como um exemplo de equilíbrio entre o grande e o íntimo, entre o palco e o chão batido. O São João do dia 20 foi, mais uma vez, um espelho dessa identidade: vibrante, diverso, mas sempre enraizado. Uma cidade que não apenas realiza o São João — mas o vive em cada detalhe, com corpo, alma e história. A moda, ali, era coletiva, mas também profundamente individual. Cada visual carregava uma história: da escola, do bairro, da família, do que se é e do que se quer expressar.

Em Irecê, o São João não se limita à música e à dança: ele também se costura na roupa que se veste, nos tecidos que se escolhe, nos detalhes bordados à mão. Em uma cidade onde a cultura popular ainda pulsa com força, até o modo de se vestir vira uma forma de contar histórias — e naquela sexta-feira de junho, a moda falou alto, com sotaque, brilho e raiz.

SÃO JOÃO PELA BAHIA uma realização da 585 Studios, com apoio do Governo do Estado, através da Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur.

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