Foi uma despedida à altura da grandiosidade do São João de Ibicuí: com apresentações que variaram do cômico ao romântico, passando pela força das raízes do interior, a cidade celebrou seu encerramento com entusiasmo, identidade e uma energia que parecia não querer se apagar.
Abrindo a noite, a irreverência da banda É o Grelo deu o tom descontraído e provocador que já virou marca registrada da cidade. Com letras bem-humoradas, duplos sentidos e um repertório que mistura o forró com o brega e o arrocha, o grupo fez o público rir, dançar e cantar junto do início ao fim. A apresentação foi um reflexo da liberdade que marca o São João de Ibicuí, onde há espaço para a zoeira e para o deboche, sem perder a alegria genuína que move a festa. Músicas como “Grelo no Forró” e “Bate que Eu Grito” levantaram a multidão, que respondia com aplausos e risadas, mostrando que o bom humor também é parte essencial da cultura junina do interior baiano.
Logo depois, Sinho Ferrary assumiu o palco e mudou o clima da noite com seu romantismo marcante e sua voz inconfundível. Conhecido como o “rei do arrocha apaixonado”, Sinho transformou a praça em um verdadeiro salão de dança ao ar livre, embalada por hits como “Amor de Balada” e “Tudo Menos Trair”. Casais se abraçavam, outros choravam discretamente entre uma música e outra, e o público, em peso, cantava junto como se cada letra traduzisse uma história vivida. O artista, que já é figurinha carimbada nos festejos juninos da região, emocionou com seu carisma e agradeceu ao povo de Ibicuí pelo carinho. Foi um dos momentos mais intensos da noite, provando que, no meio da folia, o amor sempre encontra seu espaço.
Fechando a programação oficial da noite, Cícero Dantas levou ao palco a força do forró tradicional e da cultura nordestina com uma apresentação que misturou respeito às raízes e empolgação popular. Com um repertório que passeava entre o forró de vaquejada, a sanfona pesada e letras que falam da vida no sertão, o cantor fez o público vibrar com um orgulho coletivo de ser nordestino. Músicas como “Forró de Pé no Chão” e “Caboclo Valente” foram recebidas com palmas e sapateados no ritmo da zabumba. Cícero, visivelmente emocionado, falou sobre a importância de manter viva a tradição do São João autêntico, e foi ovacionado por um público que reconhecia nele não só um artista, mas um representante da própria alma ibicuiense.
Com o fim dos shows, a cidade não silenciou imediatamente. As barracas seguiam movimentadas, os grupos de amigos ainda cantavam pelas ruas, e as fogueiras acesas em alguns bairros mantinham o calor simbólico de uma festa que não queria terminar. O São João de Ibicuí 2025 foi mais do que um evento cultural: foi um reencontro com a essência do interior, com o riso solto, a música no peito e a comunhão entre vizinhos, turistas e apaixonados pela tradição. E enquanto a madrugada caía sobre o céu da Chapada Sul, uma certeza se firmava: em Ibicuí, o São João nunca morre — apenas descansa para voltar ainda mais forte no ano seguinte.
SÃO JOÃO PELA BAHIA é uma realização da 585 Studios, com apoio do Governo do Estado, através da Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur.