A programação musical foi um espetáculo à parte. A abertura ficou por conta de J Eskine, artista que vem ganhando destaque na região e que já conquistou o público local com seu carisma e repertório que mistura o moderno e o tradicional. Com um show vibrante, J Eskine não economizou energia e colocou o público para dançar desde os primeiros acordes. Seu repertório transitou entre o forró estilizado e músicas autorais que exaltam as raízes nordestinas, com letras que falam da vida no interior, dos amores de São João e das belezas da Chapada. A resposta do público foi imediata, com aplausos, passos sincronizados e uma praça cheia de sorrisos.
Logo em seguida, quem subiu ao palco foi a banda Mastruz com Leite, uma verdadeira lenda viva do forró eletrônico. Com quase quatro décadas de estrada, a banda mostrou por que continua sendo uma das mais queridas do Brasil. Clássicos como “Tatuagem”, “Meu Vaqueiro, Meu Peão”, “Saga de um Vaqueiro” e “A Praia” foram cantados em coro por todas as gerações presentes. O show foi mais que uma apresentação musical: foi uma viagem no tempo. O público se emocionou, dançou de mãos dadas e reviveu memórias de festas antigas. Mastruz mostrou que tradição e longevidade andam lado a lado quando se tem qualidade e respeito ao público.
Em seguida, foi a vez da Gatinha Manhosa incendiar o arraial com o romantismo do forró das antigas. Com o vocal inconfundível de Edson Lima, a banda levou os casais ao delírio com canções como “Se tu fores embora”, “Eu me amarrei”, “Apaixonado por você” e “Palavras”. Foi um momento de grande comoção, com casais dançando coladinhos e pessoas emocionadas ao ouvirem músicas que marcaram fases da vida. A performance de Edson, com sua voz poderosa e presença de palco, foi um dos pontos altos da noite. Ele interagiu com o público, fez brincadeiras, contou histórias das estradas e agradeceu à cidade de Seabra por manter vivo o espírito do São João.
Encerrando a noite com chave de ouro, Dio do Acordeon entrou em cena trazendo o forró raiz em sua forma mais pura. Com o fole da sanfona bem afinado, Dio fez um verdadeiro tributo a mestres como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, mas também trouxe composições próprias que arrancaram elogios do público e mostraram o vigor da nova geração do forró tradicional. Seu show foi marcado pela simplicidade e autenticidade. Músicos afinados, letras que falam do sertão com verdade e uma alegria contagiante que tomou conta da multidão. Foi o momento em que muitos tiraram os sapatos para dançar na terra batida, como se estivessem numa festa de roça.
É especialmente tocante ver a passagem de bastão entre gerações. Avós que viveram as primeiras edições da festa agora acompanham seus netos nos mesmos espaços que outrora frequentaram na juventude. Jovens aprendem com os mais velhos os passos do forró e o verdadeiro valor da festa, que vai além do entretenimento: é memória viva.
No fim da noite, com o céu iluminado por fogos e o som do triângulo e da sanfona ainda ecoando, o sentimento era unânime: gratidão por viver, mais uma vez, a magia do São João. Em tempos de mudança, Seabra prova que suas raízes continuam firmes, e que a força de uma comunidade unida é capaz de manter acesa a chama da tradição nordestina.
SÃO JOÃO PELA BAHIA uma realização da 585 Studios, com apoio do Governo do Estado, através da Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur.
